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Freeman Tilden (1883 – 1980)
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A Interpretação Ambiental é irmã da Educação Ambiental. Porem são diferentes. Educação é instrução. Interpretação é provocação. Temos que tirar o chapéu. A interpretação do Patrimônio nasceu no sistema de Parques Nacionais dos Estados Unidos que inclui parques, reservas, museus, sítios históricos entre outros. Até o prédio do Stonewall Inn, antigo bar gay de Nova York onde surgiu o movimento Orgulho Gay, após uma batalha de todos contra a polícia, é parte do sistema de Parques Nacionais (NPS) sob o nome de Stonewall National Monument.
Um dos grandes interpretes e mestres da interpretação no NPS foi Freeman Tilden autor do livro Interpreting our Nature publicado pela primeira vez em 1957. A seguir estão os princípios da interpretação de Tilden:
Os seis princípios da interpretação
1) Qualquer interpretação que não se relacione de alguma forma o que está
sendo exibido ou descrito a algo dentro da personalidade ou a experiência do
visitante será estéril.
2) Informação, como tal, não é interpretação. A interpretação é revelação
com base em informações. Mas são coisas completamente diferentes. No entanto
toda interpretação inclui informação.
3) A interpretação é uma arte, que combina muitas artes, se os materiais apresentados
são científico, histórico ou arquitetônico. Qualquer arte é, em algum grau de
aprendizado.
4) O objetivo principal da Interpretação não é instrução, mas provocação.
5) Interpretação deve ter como objetivo apresentar um todo, em vez de uma
parte, e deve dirigir-se a todo o homem, em vez de qualquer fase.
6) Interpretação dirigida às crianças (digamos até doze anos de idade) não
deve ser uma diluição da apresentação para adultos, mas deve seguir uma
abordagem fundamentalmente diferente. Para estar no seu melhor ele vai exigir
um programa separado.
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A Bíblia da Interpretação |
Interpretação Ambiental
A Interpretação pode ser da Natureza; pode ser do Patrimônio Histórico, Natural, Cultural, Geográfico, Mundial, Nacional, Estadual, Municipal e no nível super local sobre a história de uma cidade ou um bairro.
Freeman Tilden, trabalhava para desenvolver a Interpretação do Patrimônio para todas essas variedades de áreas protegidas e preservadas. Desde o seu nascimento, a Interpretação esteve ligada à visitação pública de lugares considerados parte do patrimônio nacional. Nasceu ligado ao turismo, ao visitante desses espaços especiais. A maioria desses visitantes, com interesse zero em ser educado, em aprender e mesmo se desejasse aprender não teria tempo hábil para digerir informações.
A necessidade de interpretação do que se vê em um Parque Nacional ou um sítio arqueológico era, no final, a proteção desse bem como indica uma citação tirada de um manual do NPS atribuída a Tilden:
"Por meio da interpretação, entendimento; por meio do entendimento apreciação; por meio da apreciação, proteção". Como a interpretação é voltada para o visitante quer sejam turistas, estudantes ou participantes de uma viagem de algum clube, toda a interpretação trata de alcançar a mente e o coração dele ou dela. Para Tilden, "o visitante está em modo receptivo” e o intérprete tem como missão “trazer à atenção do visitante, a verdade que jaz além do que o olho vê”. Caso a interpretação ocorra em um parque natural, o intérprete tem que ser um "comunicador de consciência ambiental”.
Interpretação não é educação. Você não está educando nem ensinando ao visitante. A explicação dada não é parecida com a informação dada por um biólogo, caso o alvo seja natural. Nem como um historiador caso seja em um museu. Sigurd Olson, intérprete contemporâneo de Freeman Tilden escreveu:
"A chama da curiosidade que nasce com a criança, se apaga com
o passar dos anos. O trabalho do intérprete é
“abanar essa chama na mente de outros”.
O intérprete é um profissional e um artista pois é um profissional e um artista. Não é necessário ser profissional das ciências, mas tem que ser pesquisador já que a pesquisa produz informação que é a matéria prima da arte. "O ingrediente principal é o
amor pela beleza em todas as suas formas".
Daí a missão: “Traduzir o que é percebido em algo que se relacione
pessoalmente com o visitante”. Este é o truque da arte. O Intérprete pode e deve ter orgulho de ser amador nas disciplinas que interprete. Tal afirmação significa que ele ou ela não pode ter preconceito com a palavra amador. No mundo profissional, não se aceita o amador devido à suspeita de que o amador é aquele que não saberá fazer o serviço direito. Pelo contrário, para Tilden amador rima mentalmente com "amante" com amor, por isso Tilden dedica um capítulo de seu livro ao "Feliz Amador", alguém feliz em fazer algo que não é o que ele faz para ganhar o pão. O observador amador de pássaros com seu binóculo, o observador do céu estrelado com seu telescópio ou sua máquina para fazer fotos astronômicas são homens e mulheres felizes.
Serviço:
O autor aceita convites para bater papo sobre interpretação para guias de turismo, líderes de expedições, professores, escritores, jornalistas, bloggers e outros que queiram experimentar o maravilhoso mundo da interpretação.