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sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

A história dos picolés com sabores da Mata Atlântica: Oficina do Sorvete e Parque das Aves abrem caminho para os Sabores do Iguaçu

 Série Associados do Visit Iguassu*

Plantação de "palmito Juçara", açaí da Mata Atlântica** no entorno do Parque Nacional do Iguaçu

"Picolés com Sabores da Mata Atlântica como   butiá, erva mate, açaí de juçara e jabuticaba são vendidos em 15 estabelecimentos de Foz incluindo Parque das Aves, Macuco e Complexo Turístico Itaipu"
Adelcio Celestino Freire, com o açaí do sul na balança
Até recentemente, picolés e sorvetes de frutas brasileiras em Foz do Iguaçu, não tinham nada de diferente do que é oferecido na maioria das capitais brasileiras. Estavam na lista laranja, mamão, abacaxi, coco, caju entre outros. Hoje a situação é diferente e Foz do Iguaçu já pode aspirar à lista de cidades inovadoras  com criações e novos sabores regionais. 

Foz do Iguaçu já oferece uma lista de sabores novos que, não é de se admirar, ganhou o nome de “Sabores do Iguaçu”.  Entre as estrelas da lista de sabores do Iguaçu estão: jabuticaba, pitanga com leite condensado, amora com leite condensado, butiá com leite condensado, uvaia, jaca, pinhão, guabiroba, banana, erva mate, mbeju com goiaba e o mais novo produto  o picolé de açaí de juçara com banana.
O projeto surgiu graças ao encontro de ideias de duas empresas associadas ao Visit Iguassu, a Oficina do Sorvete e o Parque das Aves. A Oficina já apostava em produtos regionais e o grande salto veio quando o Parque das Aves focou seu trabalho na conservação de espécies da fauna e flora da Mata Atlântica.
Por trás de cada picolé da linha Sabores do Iguaçu há uma história e vários conceitos. 

O primeiro conceito se chama “Zero Quilômetro ou KM0 extraído do Protocolo de Kyoto”. Cristina Muggiati, fundadora da Oficina do Sorvete explica o que significa o conceito “KM0”. “Na prática, toda ou quase toda a matéria prima para os picolés e sorvetes deve ter origem local”. E local, no caso da Oficina do Sorvete, significa que as frutas devem ser produzidas em propriedades localizadas em um dos 16 municípios do entorno do Parque Nacional do Iguaçu. “O conceito de KM0 defende eliminar as grandes viagens dos produtos que chegam à mesa do consumidor ajudando a reduzir o efeito estufa devido à emissão do gás carbônico produzido no transporte”.



Ela explica ainda que muitas dessas frutas não são produzidas hoje por falta de mercado. E não há mercado por falta de demanda ou compradores. “E  o produtor vai sempre plantar o que houver gente para comprar”, lembra Cristina Cristina Muggiatti. Para ela, isso é perigoso pois a tendência é que essas frutas desapareçam e não só do mercado mas também da Natureza e da memória afetiva da região. Ao valorizar as frutas do entorno do Parque Nacional, entra em cena também o aspecto ambiental.

“A ideia é dar uma contribuição mais efetiva ao meio ambiente, com a utilização e valorização de frutas nativas produzidas pela agricultura sintrópica ou em agroflorestas”, explica a criadora do projeto Sabores do Iguaçu. Ao incentivar a prática da agrofloresta, o projeto visa ajudar a aliviar a pressão de agrotóxicos sobre o Parque Nacional já que a agricultura tradicional é dependente deles para produzir alimentos.

O projeto dos sabores surgiu graças ao encontro de ideias de duas empresas associadas ao Visit Iguassu, o Instituto de Divulgação do Destino Iguassu, a Oficina do Sorvete e o Parque das Aves. A diretora de compras do Parque das Aves, Sandra Pereira Grego, lembrou que tudo começou quando o Parque das Aves decidiu concentrar seu foco na flora e fauna da Mata Atlântica a partir de 2017.


“Com a mudança de conceito, a gente começou a defender que as ações da empresa, produtos da loja, a gastronomia, lanches, bebidas fossem focados no tema Mata Atlântica, favorecendo a produtores e fornecedores de produtos da Mata Atlântica ou, no nosso caso, produzidos no entorno do Parque Nacional do Iguaçu”, explicou Sandra.

Palmeira Butiá com frutos

Sandra Grego

Partindo do zero, a equipe do Parque das Aves se inspirou no trabalho do Instituto Auá em São Paulo que alia preservação de espécies da Mata Atlântica apoiando produtores frutas e espécies da região criando mercado para esses produtos. A ideia original do empreendimento de Foz do Iguaçu era adquirir produtos da Mata Atlântica como os promovidos pelo Instituto para venda no parque. “Mas não foi possível por motivos de logística, transporte, depósito. O custo seria alto o que foi inviável”, explicou.

O encontro
Em 2018, o Visit Iguassu organizou um Fórum dirigido aos associados que incluía um curso de Gestão de Vendas. Nesse evento, Sandra Grego, do Parque das Aves, encontrou Júlia Castro Centini da Oficina do Sorvete que propôs uma conversa de interesse das duas empresas.
“A gente já havia trabalhado antes com a Oficina do Sorvete”, lembrou Sandra. Na primeira reunião, Júlia trouxe mostras dos picolés e criações da Oficina do Sorvete que poderia fazer parte da parceria.

“Não é nada disso, Júlia”, reagiu explicando o que o Parque das Aves tinha em mente: “Picolés com frutas da região, compradas de produtores locais”, esclareceu acrescentando que por trás disso, está a ideia de fomentar a produção local para incentivar que produtores não desistam das frutas locais”, disse.

Oficina do Sorvete já acalentava o sonho de um produto KM0, já estudava como incorporar aos seus, projetos de agrofloresta e que valorizassem a região. “Então a demanda trazida pelo Parque das Aves encaixou-se perfeitamente, pois a Oficina só precisava de algum parceiro que criasse demanda como fez o Parque das Aves”, destacou Crisrtina. 

“Eles foram muito rápidos”, lembra Sandra. Júlia levou a inquietação do Parque das Aves à fundadora da Oficina do Sorvete, Cristina Muggiatti. “Quinze dias depois, Júlia retornou com um projeto escrito por Cristina e com mostras das primeiras produções”, contou Sandra. 

Em dezembro de 2019, tanto a linha de picolés como a parceria Oficina do Sorvete – Parque das Aves completaram um ano. “As vendas no final do primeiro ano dobraram”, disse a Sandra. Vendo o sucesso do projeto, Júila da Oficina, procurou o Parque das Aves para saber se a diretoria do Parque das Aves exigia exclusividade para a linha de produtos. A resposta foi não.
“Conversamos com a diretora executiva Jurema Fernandes do Parque das Aves que abriu mão da exclusividade”, contou. A política da empresa é que quanto mais estabelecimentos venderem o produto, maior será a necessidade de fornecedores de frutas já que o propósito é beneficiar aos produtores locais”, disse. “Hoje são 15 as empresas que revendem a linha Sabores do Iguaçu incluindo o Macuco Safari, o Complexo Turístico Itaipu e Pronape entre outros estabelecimentos”.


Açaí da Mata Atlântica
A Oficina do Sorvete também vende um bom volume de açaí do Pará. Lembrando do conceito KM0 e observando a grande quantidade de açaí do Pará vendido em Foz, Cristina Muggiati não conseguia deixar de pensar na viagem do açaí desde ps igarapés dos arredores de Belém até Foz do Iguaçu. Isso fez ela pensar na palmeira que no sul do Brasil é conhecida por palmito, quer dizer a palmeira juçara, cujo maior uso hoje é a extração do palmito. 

Empresária Cristina Muggiatti com Adelcio Celestino Freire (esq), o patriarca e idealizador da plantação Wilson Freire (centro) e Alesio Celestino Freire, produtores do açaí da Mata Atlântica em Santa Lúcia, região do Parque Nacional

Cristina tinha a forte convicção de que o fruto da palmeira juçara do Sul seria fonte de um açaí tão bom quanto o açaí do norte. As pesquisas deram certo e o picolé de açaí de juçara já está sendo vendido no Destino Iguassu. A empreendedora descobriu um produtor de juçara graças a contato fornecido pelo Visit Iguassu na região dos municípios do entorno do Parque Nacional do Iguaçu.

Enquanto novos produtos e fornecedores são procurados, a parceria celebra a disseminação da identidade gastronômica da região do Iguaçu; o incentivo aos produtores do entorno do Parque Nacional a criarem agroflorestas e aliviar a pressão de agrotóxicos sobre o Parque, enquanto produzem alimentos ao mesmo tempo incentivando a biodiversidade e o convívio com o plantio e o consumo de frutas nativas ou aclimatadas produzidas na região.

Fruto do jerivá ou pindó   
Nova busca

Há um sabor novo na lista da Oficina do Sorvete. É o picolé de jerivá. Assim como aconteceu com os outros sabores, Cristina Muggiati está na procura de produtores que tenham jerivás em suas propriedades. O jerivá é uma palmeira muito importante e com muita presença na região do Parque Nacional do Iguaçu. Segundo Cristina, é necessário incentivar o cultivo e a demanda até para ajudar no esforço de preservação da espécie.

Notas

* Este material foi produzido por Jackson Lima (MEI) para o Visit Iguassu para divulgação de serviços e produtos de seus associados. Devido à pandemia, a equipe reduzida e o isolamento social a publicação foi reduzida. A publicação neste blog é um esforço para não descontinuar o trabalho. Fora de Foz do Iguaçu, o blog tem interesse nas rotas de turismo na linha que segue a BR-277 (litoral-Foz do Iguaçu), Rio Negro-Mafra, Pomerode, Blumenau e a região de Novo Hamburgo a Nova Petrópolis com foco em Sapiranga (RS). Novos contatos pelo e-mail: limajac@gmail.com. Associados do Visit Iguassu podem divulgar seus produtos e serviços contatando a entidade via Dept} de Marketing ou Relações com o associado.     

 

** A palmeira juçara ou içara (Euterpe edulis) é nativa da Mata Atlântica com muita presença no Sul do Brasil. Já a palmeira açaí (Euterpe oleracea) é da Bacia Amazônica. As duas produzem frutos similares. Moisés Bertoni na obra "Diccionario Botanico Guarani-Latino, Latino-Guarani" publicado postumamente em 1940 descreve o vocábulo Euterpe como sendo "Jajy" (em guarani) no Sul e Açaí no Norte

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Participaram na preparação desta matéria:

Filipe Lafuente e Eloiza dal Pozzo

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