Para os amantes mundiais
de Cataratas e Cachoeiras, saber identificar os tipos diferentes de quedas
d’água ajuda a descrever, identificar e apreciar melhor a visita a esta
paisagem comum e especial do Planeta presentes em todos os continentes. Muita gente já viaja para "cataratear" ou "cachoeirar".
Para o "catarateador" sério, dependendo
de como a água cai, as quedas d’água recebem diferentes classificações.
O Brasil já começou a assimilar o que significa
“birdwatching” – o hobby de observar pássaros ou "passarinhar". Há outros hobbies e esportes
interessantes que viciam e levam milhões a viajar como o rafting, o cachoeirismo (o esporte de descer cachoeiras com a ajuda de cordas e técnicas); o rapel,
o paraquedismo ou skydiving (esporte especializado em se divertir usando o paraquedas originalmente
um equipamento militar); kayaking (o
hobby de quem ama explorar o mundo de caiaque), o kayak fishing (o esporte da
pesca em caiaques); o kayak paddle birding ou kayak birdwatching ou passarinhar de kayak ou caiaque e ainda o sea kayaking
que é o hobby de explorar o mundo abordo de um caiaque de mar. E o que é waterfalling (Cataratear ou cachoeirar)?
Todos esses hobbies, são realizados por profissionais e
por amadores. A novidade e a razão de existência desta postagem é
anunciar o “waterfalling” que é o mais novo desses hobbies e que atrai aquelas
pessoas dispostas a bater pernas pelo mundo para ver quedas d’água, cachoeiras
e cataratas. Com esse nome, o "waterfalling" é uma criação americana. Difere do
cachoeirismo já praticado no Brasil e disponível inclusive em Foz do Iguaçu no
caso do Cachoeirismo do Macuco Safari. Quem faz
“waterfalling” não precisa ser atleta e escalar cachoeiras. É uma questão de
amor: bastando olhar, bastando contemplar para que o amante de cachoeiras se sinta recompensado.
Se ser um “waterfaller” (quem pratica o
waterfalling) é uma questão de amor por queda d’água, esse amor exige
conhecimento de cachoeiras. Não é exatamente o
conhecimento científico ligado à geologia que se interessa pelas
rochas sobre as quais a água desliza antes de lançar-se no precipício; a geomorfologia que se interessa pelas formas
que as rochas assumem devido a esse contato com a água ou ainda a
hidrogeomorfologia que se interessa pela água, pelas rochas e pelas formas
dessas rochas ou do terreno.
O “waterfaller” presta atenção nas “differentes
variações e sutilezas de como a água flui sobre o leito rochoso” e
ainda como cai na “falha” geológica em
seu caminho. Para os
especialistas em quedas d’água há pelo menos 10 tipos delas. A
jornalista, fotógrafa, naturalista e “waterfaller” (catarateadora) americana Jaymi Heimbuch sugere a existência
de 12 a 18 tipos diferentes de quedas d’água
dependendo somente de quão específico o observador quer ser em sua descrição
delas”, escreve.
"Uma única
queda d’água pode encaixar-se em múltiplas categorias em dado momento, do mesmo
jeito que essa categoria pode mudar ao longo do tempo, estações, erosão,
eventos climáticos e outros fatores”, diz Jaymi.
Cataratas de Vitória, cai em bloco. A ponte separa Zimbábue e Zâmbia. A ponte é vista na direção Zâmbia-Zimbábue (African Budget Safaris) |
Em inglês e sob o
comando dos “Waterfall Lovers” (Amantes das Cataratas), as diferentes cataratas
e cachoeiras são classificadas como do tipo (1) “poncheira” (punchbowl),
aquelas que ao cair lembram a maneira em que se derrama líquido de uma tigela de
onde o ponto de partida é mais larga do que a área do percurso. No final da
queda, o liquido gera certa turbulência. A água cava poços, que
podem ser violentos. Em épocas de baixa vazão, o poço desde que seja pequeno
pode lembrar piscinas
ou jacuzzis. Várias dessas “jacuzzis” podem ser observadas por quem está na
passarela do lado brasileiro, observando a região do paredão a partir do Salto
Três Moqueteiros.
O estilo (2) “megulho”
(plunge), são as cachoeiras que se projetam para a frente lembrando alguém que
salta de um trampolim. Esses saltos ao caírem não fazem o contato com o paredão
vertical rochoso dela. Muita delas lembram forma rabo de cavalo e véu de noiva.
Há ainda (3) as quedas
d’água ou saltos multi-etapas ou que lembram a forma de um organograma: o salto
é um só no primeiro nível, passar a ser dois no segundo nível, três ou mais
saltos no nível inferior – etapas que
lembram o formato de um organograma. As quedas d’água (4)
rabo-de-cavalo (Horsetail) e as cachoeiras em (5) forma de leques (Fan Waterfalls)
são parecidas já que são estreitas no topo e se abrem próximo à base. O detalhe
fica no grau de conato da água com o paredão da queda que embora seja vertical
não deixa de ser o leito dela.
(6)
Queda d’Água estilo Cascata” (Cascade Waterfall) uma série de saltos que caem
de forma segmentada ou múltiplas etapas ao
longo de vários degraus. As Cataratas do Iguaçu, vista como um conjunto de quedas
d’água é uma cataratas nesse formato. (7) Queda d’Água estilo Leque é parecida
com a variedade “mergulho” mas a água mantêm contato com a parede, (8) Queda
d’Água Segmentada, são aquelas em que a água divide o percurso da queda em
segmentos diferentes tanto vertical como horizontalmente falando(9); Queda d’Água
Tobogã (Slide Waterfall, são as quedas que deslizam sobre o leito rochoso com inclinação
mais moderadas (10) Queda d’Água Costeira (Tide Waterfall) são aquelas que
desembocam em uma praia ou no mar (rara no Brasil). (11) Queda d’Água Congelada
também muito rara no Brasil e se limitam a períodos de muita neve, no caso de
Niágara e outras e em tempos de geada intensa em pequenas quedas d’água no
Brasil (12) Queda d’Água estilo “Moulin” , só para constar são aquelas
localizadas em geleiras e glaciais e (13) Cataratas em bloco.
Há
dois tipos de
cataratas: as do tipo “em bloco” e as “cataratas cascatas” ou seja cataratas
verdadeiras, para lembrar a maneira indígena de dar nomes como papagaio
verdadeiro. As Cataratas do Iguaçu são
do estilo “cascata” já que é formada por uma quantidade impressionante
de
saltos, com certeza muito mais de 200, já que o que caracteriza um salto independente foge de deifinição. Já Niágara é do tipo “bloco” pois ela
cai de frente, o rio inteiro despenca de frente formando três quedas
individualizadas: horseshoe (Canadense) American (EUA) e Véu da Noiva
também no lado EUA da "garganta".
Pequeno salto deslizando no estilo "tobogã" nas Cataratas do Iguaçu |
Niágara, Cataratas que cai em dois blocos, EUA à direita, Canadá, ao fundo |
Porém, as Cataratas do
Iguaçu tem seções, saltos individuais e conjuntos de saltos que pertencem às
diferentes variedades. Tudo isso dependendo da vazão. Em tempo de enchente é necessário
criar uma nova categoria: a do assombro generalizado já que todos os saltos
viram um só bloco que explode, treme, fumaça, sacode e congela os sentidos.
As
Cataratas do Iguaçu
Iguaçu/Iguazú: definitivamente não cai em bloco (National Geographic) |
Reinando
absoluta entre as “Quedas d’Água estilo Cataratas”, ao ponto de ostentar o
título de “o Maior Conjunto de Quedas d’Água do Mundo”, as Cataratas do Iguaçu
tem a particularidade de ter, em si, saltos que podem ser classificados na
maioria dessas categorias com a exceção dos tipos de número 10, 11 e 12 na
lista: a saber a Costeira que despejam suas águas diretamente no mar ou praia e
as “congeladas” como Niágara no inverno do Norte e o tipo “Moulin” que ocorrem
em glaciares.
Como
Iguaçu é "uma" cataratas com um número fantástico de saltos, os “waterfall
lovers” de todo mundo não deverão se surpreender com o fato de que as Cataratas
do Iguaçu, em si, contenha uma diversidade impressionante de saltos que podem ser
classificados nos diferentes tipos de queda d’água no mundo de acordo com as diferentes
variações e sutilezas de como a água flui sobre a borda do penhasco e sua
relação com seu leito vertical até a base.
A Garganta do Diabo, um salto maior que muitas Cataratas |
Como desce a água? Ela
vem fluindo lentamente e escorrega redondamente a borda do penhasco? Ou ela vem
descendo agitadamente e salta a borda como se quisesse cair o mais longe
possível da base?
Nesse caso a Garganta do
Diabo, vista de longe parece ser uma queda em bloco, especialmente a porção
dela que vem do canal principal na direção Brasil-Argentina. O Salto San Martín
tem a cara de uma Queda d’Água Segmentada. Ele cai em três níveis. No primeiro
ele vem reto na direção do cânion; no segundo muda de direção, rumando à
direita, após encontrar a Ilha do mesmo nome. Os “waterfallers” podem ver nele
aspectos de queda d’água em bloco, de Queda d’Água Segmentada, no segundo nível
misturado com Queda d’Água Tobogã até encontrar o rio.
O Salto Rivadavia, na
Argentina (visto do Brasil) começa em forma de bloco no primeiro nível ou
degrau e no trajeto do segundo nível para o cânion tem características de Queda
d’Água Segmentada com parte dos saltos na categoria rabo-de-cavalo e o estilo
em Leque.
No
lado brasileiro, o
primeiro nível dos Saltos Floriano e Deodoro se aproximam do precipício
em
bloco, caem em bloco, passam sob a passarela brasileira na área do
elevador, viajando, deslizando e se jogam
no rio Iguaçu como um salto em várias categorias. Pelo menos sete saltos
menores caem no rio sob o nome coletivo de Salto Santa Maria em formatos
que
lembram o rabo de cavalo, o leque que se abre até o final mantendo pouco
contato com a rocha e outras que escorregam sobre a rocha no estilo
tobogã. Como disse, isso não é ciência. É mais um hobby, assim como
"plane spotting", aquele "esporte" que leva gente do mundo todo para os
aeroportos para ver e registrar a presença de aviões, fotografá-los e curtir momentos
prazerosos com suas galeras.
Salto Monday, Paraguai
Salto Monday. Com a vazão alta, divisão entre os blocos desaparecem. (Vera Scuderi, Wikipedia / Atlas Obscura) |
Se as Cataratas do Salto Monday estivessem no Qatar, receberia tratamento de rainha e teria sido divulgada como uma Maravilha da Natureza. Atrairia a atenção do mundo e seria amplamente conhecidas. Mas como o Salto ou melhor os Saltos do Rio Monday, no Paraguai, estão na redondeza das Cataratas do Iguaçu, são relegados a um segundo plano na agenda do turismo local e dos destinos.
O rio Monday percorre cerca de 200
quilômetros desde suas nascentes nas serras do Departamento de Gaaguazu até a desembocadura no Rio Paraná, um
pouco abaixo do Marco das Três Fronteiras e um pouco acima de Puerto
Bertoni para quem está no Paraguai. A vazão média dele é de 100 metros cúbicos por segundo. Os saltos paraguaios caem em três blocos (bloco da esquerda (1) , central (2) e
bloco da direita (3). O Salto Monday se encontra na cidade de Puerto Franco, em frente a Foz do Iguaçu. É a cidade que abrigará a cabeceira paraguaia da Ponte Internacional da Integração em construção entre Brasil e Paraguai, popularmente conhecida como a "Segunda Ponte". Mais informação sobre o Salto Monday será desponiblizada em breve após mais visitas e observação.
Foz do Monday - Desembocadura do rio Monday no Paraná |
Quer conferir?
Artigo e galeria de Jaymi Heimbuch
Site World of Waterfalls
Artigo e galeria de Jaymi Heimbuch
Site World of Waterfalls
Especial sobre Quedas d'Água da National Geographic
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