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sexta-feira, 9 de julho de 2021

As Cataratas do Iguaçu ─ um laboratório a céu aberto para entender a história geológica do planeta

Vista das Cataratas do Iguaçu, na aproximação ao primeiro mirante (na realidade segundo) em frente ao Hotel das Cataratas, Foz do Iguaçu
 
 

"A geologia está por toda a parte ao nosso redor e embora quase não notemos no dia a dia, ela afeta tudo o que fazemos como civilização, como sociedade e como indivíduos.  Preservando registros de criaturas e paisagens tão antigas como esquecidas, nossa história está escrita em pedra aguardando para ser lida" ─  Jack Share em seu Blog de divulgação de geologia e paleontologia

Vista do paredão da Ilha San Martín. Tenho prazer de apresentar o "basalto colunar"  A ilha estã no lado argentino das Cataratas e é vista do Primeiro Mirante (segundo) do lado brasileiro. Clique na foto para ampliar (JL)

Dizem, os entendidos, que não existe uma geologia das Cataratas. Que o que existe é a geologia da Terra e que como parte da terra, para entender as Cataratas, é necessário entender a Terra. 

Por isso para contar a história das Cataratas, geralmente o contador desta história tem que falar da Rodínia, da Pangea, da Gondwana, da abertura do Oceano Atlântico, da separação da América do Sul e da África e dos derrames de lava do período cretáceo. Isso dá mais de um bilhão de anos. Vamos fazer tudo isso aqui também. Mas vamos inventar tentando começar do fim. Começando de você  em sua visita às Cataratas. 

Um moderno barco subindo um rio ao lado de rochas que a natureza levou dezenas de milhões de anos para esculpir

Você está a bordo de um barco que faz o passeio chamado Macuco, pelo lado do Brasil das Cataratas e Gran Aventura pelo lado argentino do Parque Nacional Iguaçu / Iguazu. De dentro do barco, você vê águas caindo de ambos lados da embarcação. O barco navega sobre águas rápidas e violentas no meio de um corredor ladeado por paredões de pedra. 


Pedra não. Não existe pedra, o que existe é rocha, diria qualquer geólogo.

Primeira lição, a ficha caiu.  Mas não é qualquer rocha. Se chama basalto. Basalto é lava de vulcão resfriada ao ar livre, em contato com o vento e água. Portanto o basalto é uma rocha vulcânica. Dizer que a rocha das Cataratas é vulcânica ajuda a contribuir para a confusão. Se a rocha é vulcânica, onde ficava o vulcão que explodiu? Resposta: em lugar nenhum. Não era um vulcão desses que tem forma de cone, explode e a lava desce pelas paredes levando tudo que encontra pela frente.

O vulcanismo que gerou as rochas das Cataratas e de mais da metade do Paraná se chamava "vulcanismo de fissura". Fissura quer dizer fenda, rachadura. A terra rachava e a lava jorrava para a superfície. Cada jorrada de lava era chamada de derrames e ocorriam em diferentes camadas. Os geólogos sabem extamente quantos derrames foram. Cada derrame tem uma idade e um nome.


 
Rafting - descida a vários remos, em botes flexíveis, para aproveitar a visão de perto das rochas erodidas e trabalhada por forças "nativas" como a água, o vento, a areia. Tudo provoca um efeito rico em adrenalina para aqueles que se encontram na situação acima: não tenha pena deles! Amplie a foto e observe o formato hexagonal da rocha "formato coluna", indicado pela flecha amarela. Em alguns lugares como neste Patrimônio Mundial este formato predomina (Marcos Labanca/Macuco) 


Do barco olhando para as rochas, o navegador de hoje verá que o paredão parece muito  acidentado. Em alguns lugares é possível ver blocos enormes de pedras que se juntam, deixando ver, entre eles, espaços vazios ou rachaduras e parecem não ter uma direção. A esses encontros de rochas, os geólogos chamam de "disjunção" em português e não sabemos porque carga d'água, os geologos de fala inglesa chamam de "junção". Essas junções podem ser horizontais ou verticais. Em lugares se pode ver claramente que essas junções se formam em espécies de colunas. Para dar mais gosto e sabor à discrição das Cataratas, vamos usar o termo "disjunção colunar" ou ainda Basalto Colunar da Formação Serra Geral (Columnar Flood Basalts of the Serra Geral Formation) no caso do imenso campo de lava na América do Sul.  

Antes de entrar nessa história de basalto colunar, vamos destacar que Serra Geral não é o nome de uma Serra e nem de um lugar. É o nome de um daqueles derrames, uma formação geológica que cobre mais de 1 milhão de quilômetros quadrados no Centro Sul do Brasil e adentrando o Paraguai, a Argentina e o Uruguai.Outros exemplos de lugares na formação Serra Geral com beleza de cair o queixo incluem a Serra do Rio do Rastro (SC) que tem no topo as mesmas rochas das Cataratas "montadas" sobre outras 16 formações diferentes visíveis e identificadas por marcos para quem se dispuser a ver. Há 17 marcos mostrando as diferentes formações ou camadas geológicas diferentes.   

Vamos jogar lenha nessa fogueira e dizer o seguinte: olhem bem para as rochas para ver que os padrões da geomorfologia das Cataratas são de construção simples. Simples? Como dissemos que geologia é coisa do planeta inteiro, não é a complexidade da colunas de basaltos (ou basalto colunar) que dá notoriedade à formação rochosa das Cataratas.

Monumento Nacional Devils Postpile (Califórnia, EUA). É ou não é um "pavão" do mundo rochoso?

Há diversos lugares no mundo com rochas basálticas colunares e que se exibem muito mais do que as rochas das Cataratas. São uma espécie de "pavões" do mundo rochoso. Tomemos como exemplo a formação rochosa conhecida como Devils Postpile na Califórnia (acima), um cenário de disjunção basáltica protegida pelo Serviço de Parqes Nacionais (SPN) dos EUA sob a categoria de Monumento Nacional. Ou, ainda nos Estados Unidos e também protegido,  a Torre do Diabo onde ocorreu, pelo menos para o cimena, o primeiro Contato Imediato de Terceiro Grau entre humanos e extraterrestres. 

 

Detalhes do basalto colunar na Cachoeira Negra (Svartfoss) na Islândia. Foto de Regína Hrönn Ragnarsdóttir

A Europa possui ainda vários exemplos na Irlanda, Sicília e Portugal. No Paraguai existe um bom exemplo de disjunção colunar só que formado em região de arenito. É conhecida como Cerro Kõi próximo a Assunção. Cada um exibindo formas de diferentes modelos que faz a festa dos olhos de profissionais e turistas de todo o mundo. 

Um bom exemplo de disjunção colunar na família das cachoeiras é a Cachoeira Svartfoss  no Parque Nacional Vatnajökul na Islândia. Igual a "Iguaçufoss", a Svartfoss (já manjou? "foss" em islandês significa "falls" ou cachoeira) está situada em terras negras basálticas vulcânicas daí vem o nome da cachoeira: Svart (Negra) foss (Cachoeira). Preste atenção no formato das colunas que lembram esculturas humanas aprimoradas como os tubos de órgãos clássicos presentes em grandes igrejas ou catedrais.

A essa altura você já entende por que dissemos que o formato das colunas basálticas das Cataratas do Iguaçu não parecem tão complexas como as de outros exemplos no mundo. Dito isto, vamos agora nos concentrar nos paredões das Cataratas do Iguaçu. 

Basalto Colunar nas Cataratas do Iguaçu 
 

Trecho do paredão entre a extremidade da Ilha San Martín e os Saltos Mosqueteiros. Ótima exposição de basaltos colunares. As rochas estão sendo observadas a partir do lado brasileiro 
 
Colaboração internacional

No final de 2020, publiquei uma série de postagens (uma é esta)  pedindo socorro aos geólogos do mundo para ajudar a entender o formato das rochas dos paredões das Cataratas do Iguaçu. Não obtendo resposta via blog, passei a contatar geólogos que estiveram nas Cataratas do Iguaçu e que escreveram alguma coisa sobre sua viagens. Na pesquisa se destacaram os geólogos Jack Share e Wayne Ranney. Comecei acompanhando Ranney e seu blog sobre suas viagens e observações geológicas.  Ambos mantêm blogs, fazem palestras e trabalham com a divulgação da geologia planetária. Jack Share me respondeu. 

Lendo o material de Jack Share sobre a viagem às grandes manifestações geológicas no Cone Sul tendo com um pré-tour às Cataratas, descobri com alegria que Wayne e Jack vieram juntos. Na expedição organizada por uma agência de turismo ligada à sociedade e revista Smithsonian, havia ainda outros geólogos conhecidos. A viagem ocorreu em 2017. A postagem super completa sobre a geologia do planeta onde estão as Cataratas, é dedicada por Jack Share a Wayne Ranney, "quem me ensinou a apreciar o que eu posso ver e o que não posso", afirmava.   Enviei o link das minhas fotos a Jack Share. Ele respondeu (ao pé da letra): 

"O que estou vendo em suas fotos, as várias imagens, etc., da fachada vulcânica exposta das cataratas é o resultado da erosão diferencial e perda (wasting)  de massa na escarpa da província ígnea.

Como você sabe, existem muitas camadas de derrames de lava separados por vários hiatos em posicionamentos  tipificados por paleossolos, solos sedimentares  e contatos intermediários (inconformidades) entre os derrames. Esses horizontes intermediários são mais suscetíveis à erosão do que os derrames  de lava que os sobrepõem. Além disso, as juntas e falhas na massa de lava encorajam a erosão e o colapso da sobrecarga (sobre elas). 

As imagens que você retrata são criadas por um somatório de todas essas forças que trabalham em conjunto além da erosão superficial induzida pela vazão (fluxo) de água e a carga arrastada por ela e o enfraquecimento (solapamento) nas piscinas (poções) nos pés das quedas (onde mergulham)". Em seguida vejamos alguns dos termos que o professor Share usou:

 Linhas e falhas

Veja as marcas no paredão: " ... camadas de derrames de lava separados por vários hiatos em posicionamentos  tipificados por paleossolos e contatos intermediários (inconformidades) entre os derrames (Edilma Duarte/Macuco)

 

"... as juntas e falhas na massa de lava encorajam a erosão e o colapso da sobrecarga (sobre elas)". Paredão no lado argentino, visto do mirante dos Saltos Floriano e Deodoro, mostra juntas, falhas,junções horizontais, verticais e, ampliando a foto, pode-se ver diferentes áreas de contato entre diferentes camadas. Período de seca 2020

 Overhangs, que são?

Parecem com cavernas e podem até ser. Ao discutir cachoeiras e Cataratas os geólogos de fala inglesa chamam essa estrutura de "overhang", ou seja que "Pende sobre", sobre o quê? A cabeça. Seria uma espécie de beiral, aba, alpendre ou teto. Os dois beirais que aperecem aqui nas fotos logo abaixo, não são similares a um puxado como aqueles que fazemos em casas e construções. Eles são obras da água. A água cai do topo do leito superior da cascata e se concentra na excavação de poços enormes que por sua vêz mandam esta água de volta para cima e contra a parede. A água caí em verdadeiros piscinões que provocam um vórtex poderoso que começa a comer a rocha por baixo e escavar o que parece com uma caverna. Todo este movimento diário e milenar causa o solepamento da estrutura e pode causar o desmoranamento dos "overhangs" (beirais) localizados em áreas de rochas mais frágeis. Esse processo acontece em todos os saltos que  ao lançarem-se para o rio caem antes em diversos poços de mergulho.  O desenho a baixo, feito de meu próprio punho (pode rir), mostra parte da mecânica dos saltos. Primeiro vemos uma estrtura como um teto formado por rochas  duras como o basalto ou o geranito (nos caso das Cataratas do Iguaçu, o basalto) que se sustentam em cima de uma estrurua de rochas mais brandas. A água ao cair, ro topo em direção à base do salto, cava uma piscina onde a água mergulha. A água nessa "piscina", tem energia suficiente para corroer a parede de fundo criando uma espécie de "abrigo". Vários abrigos desses podem ser vistos nas Cataratas do Iguaçu e nas fotos abaixo. Os abrigos e a piscina suportam um peso impressionante que varia segundo a vazão de acordo com a estação quer sejam seca ou de chuva quando acontecem as grandes cheias alguma com vazões superiores a 35 mil ou 40 mil metros cúbicos por segundo. Com o passar do tempo, essas cavernas podem desabar pelo processo de solapamento criando uma nova paisagem.     

 

Fiz este desenho para ilustrar e ajudar a enteder as duas fotos seguintes que mostram duas entre várias  "cavernas" ou "abrigos rochosos" nas Cataratas do Iguaçu 
 

No centro uma caverna (beiral, overhang) no lado argentino das Cataratas vista do Primeiro Mirante (antes do mirante em frente ao Hotel das Cataratas). A estrutura à direita e ao fundo foi utilizada por muito tempo como um mirante no Parque Nacional Iguazu. Está desativado (Não é caixa d'água)

 


 

"Overhang" é parte da estrutura das cachoeiras. Seria como um beiral, uma cobertura sobre as cabeças e lembram cavernas. Destaque para a lage que serve de teto (overhang) formada por rocha dura.  Foto tirada em período de seca. Com a vazão normal (1.500 metros cúbicos por segundo) esta estrutura não é visível. 
 

Uma abertura (erosão) na rocha no segundo degrau chamada "la ventana" (a janela) 

As rochas das cataratas ajudam a emoldurar fotos de visitantes, mesmo que a maioria nem notem a existência delas


Visitante das Cataratas em foto que mostra parte do paredão e o "amontoamento" de rochas na base dos saltos, no cânion e  já às margens do rio Iguaçu; o

Um Parêntese:
(Geralmente quando faço fotos de pessoas nas Cataratas, eu as abordo, explico o que faço e me prontifico a enviar as fotos para os seus e-mails. Já mandei fotos para muita gente em diferentes países. No caso da foto acima, não me lembro o motivo, não fiz isso. Desta forma, se a pessoa fotografada não gostar, pode reclamar e eu retiro a foto do ar. Mas também pode, se preferir, pode  entrar em contato, passar o nome e até contar a sua história, o que achou das Cataratas, o que sentiu e compartilhar suas experiências em relação às Cararatas. O e-mail: limajac@gmail.com)  


"Amontoamento" de rochas formatos como a "pirâmide" e o "lagarto"


Para comparar: disjunção colunar em área de arenito no Paraguai: Cerro Kõi (wikipedia)
 
Agora indo para o começo 
 
O Planeta Terra tem cerca de 4,5 bilhões de anos. Há cerca de um bilhão de anos começou o processo de formação da crosta terrestre que é onde nós vivemos. Começou o jogo de gigante montar os continentes. A cada 300 ou 500 milhões de anos ( o número não é exato), acontece um remanejamento da crosta terrestre. É o que se chama de ciclos supercontinentais. Em cada ciclo os continentes eram "quebrados" e divididos em diferentes pedaços. Depois esses pedaçõs eram juntados em novas configurações. Pouco se sabe da primeira configuração da crosta em continentes. Os centistas da geologia começam a trabalhar a partir de uma configuração chamada Rodínia há um bilhão de anos que levou à montagem da Panótia, há 550 milhões de anos. A gente começa a querer entrar na jogada, há cerca de 300 milhões de anos com a configuração que criou a Pangea. Estamos quase lá, a Pangea durou menos que outras configurações, por volta de 100 milhões de anos, quando apareceu o ciclo do supercontinente chamado Laurásia e Gondwana. Laurásia ficava no Norte e Gondwana no Sul. Com Gondwana nós estamos praticamete em casa.  
 
A dança, a deriva dos continentes com suas separações e colisões (infoescola)

O supercontinente de Gondwana, 200 milhões de anos, tinha rochas de 3,6 bilhões anos. Indícios e pistas da Gondwana foram encontradas no Oceano índico nas Ilhas Maurício.  Gondwana incluia o subcontinentes da África, da América do Sul, da Antártida, da Índia e da Austrália juntos. Gondwana  foi alvo da próxima remontagem da cara do globo que nos trouxe a configuração atual. Personificada por processo geológico da movimentação das placas tectônicas. 
 
Há dois movimerntos principais à disposição da mecânica da terra. Um faz os continentes colidirem. O outro causa a separação dos continentes por meio de um processo chamada "rifting" em inglês que não é nada mais do que o rompimento pela formação de fendas. Entre 145 milhões e 100 milhões de anos coincidiram os derrames de basaltos que vemos hoje nas Cataratas e rompimento de Gondwana ao meio dividindo-a em duas partes: Gondwana do Oeste (América do Sul) e Gondwana do Leste (África). No novo espaço criado entre as duas  partes do antigo supercontinente apareceu o Oceano Atlântico. Na prática isso se chama separação da América do Sul e da África. Rochas vulcânicas dos dois lados nascidas no período dos derrames de lava chamadas Serra Geral, foram separadas  de modo que rochas iguais as das Cataratas estão hoje na Namíbia e em Angola.    
 
O Oceano Atlântico ocupou o que era o centro de Gondwana e uma grande atividade tectônica continuou construindo um novo mundo, novas paisagens e acidentes. Toda esta "revolução"  causou o soerguimento da Serra do Mar. No lado do Oceano Pacífico, as dores de parto tectônicas fizeram soerguer os  Andes. 
 
No que hoje é Paraná, foram criados três planaltos. O primeiro é o "planalto de Curitiba", o segundo é o de Ponta Grossa e o Terceiro é o de Guarapuava ou seja da subida da serra de Guarapuava até a beira do Paranazão tudo é terceiro planalto e tudo é território feito pela lava. 
 
Do barco, olhando lá para o fundo do canyon onde não dá para ver rocha nehuma, você estará olhando para o local onde provalmente ocorreu o afundamento do terreno que fez o rio Iguaçu  desviar de seu curso leste-oeste fazendo uma curva brusca tomando rumo norte em direção ao Marco das Três Fronteiras e o rio Paraná (Marcos Labanca/Macuco Safari.
 
O um rio heróico: Iguaçu
A tendência ou a vocação dos rios do Planalto de Curitiba era nascer no planalto e se "picar" o mais rápido possivel para o mar. Isso daria no máximo 100 quilômetros. É isso o que fizeram o rio Nhundiaquara e o rio Ipiranga entre outras dezenas de córregos na Serra do Mar (estamos falando só do Paraná) . Mas aqui entra o heroi paranaense, pacato e sem pretensões que se recusando em ser mais um riozinho descendo a serra, decidiu pegar o caminho mais difícil. É como se o rio Iguaçu tivesse lido o futuro poema do futuro poeta Robert Lee Frost (1874-1963,no calendário humano) que quando traduzido, diz, em parte: 
 
"Direi isto suspirando
Em algum lugar, daqui a muito e muito tempo:
Duas estradas bifurcavam numa árvore,
Eu trilhei a menos percorrida,
E isto fez toda a diferença".   
    
O rio Iguaçu escolheu trilhar o caminho que até então nenhum rio trilhara. escolheu rumar para o Oeste e desembocar no rio Paraná e daí continuar seu caminho para o mar. Caminho difícil. Se todo rio desce o terreno, aproveitando a inclinação do caminho por que o Iguaçu escolheu seguir o caminho ao longo de três planaltos? O rio Iguaçu teve que esculpir seu caminho erodindo as rochas sedimentares diversas da Serra do Purunã, na Escarpa Devoniana, para logo em seguida abrir caminho, serpenteando os baxios, forçando a passagem pelo Planalto de Gauaruava até chegar à sua desembocadura no lugar onde os homens, ah os homens! eregiram dois marcos de fronteira. Esse esforço extra do rio, fez toda a diferença. O mundo agradece! 
 
Os cientistas ainda não entendem por que, o rio Iguaçu, esse que não gosta de coisa fácil, ainda inventou um desvio antes de chegar ao rio Paraná. Pela rota traçada por ele mesmo, seu rumo era Oeste e daria diretamente a algum lugar cerca de 25 ou 30 quilêmetros abaixo dos Marcos de Fronteira na atual Três Fronteiras dos homens. 
 
Alguma coisa o fez mudar de ideia e de curso. Do Primeiro Planalto até as atuais Cataratas do Iguaçu, o rio descia largo, raso, pedregoso e cheio de voltas. Hoje, vemos que nesse ponto, ele decidiu fazer uma curva longa e aberta para se jogar na fenda das novas cataratas. E ao fazê-lo, o rio Iguaçu mudou. O rio Iguaçu embora seja o mesmo antes das Cataratas e depois das Cataratas, de alguma maneira ele deixa de ser o mesmo. Depois das Cataratas ele segue reto, estreito e fundo, muito fundo.        

Sobre esta mudança de curso no final da viagem de mais de cerca de 1.100 quilômetros, o geólogo, consultor e divulgador do conhecimento sobre as paisagens da terra e a geologia, Bruno Riffel afirma: "O rio Iguaçu caia numa certa localidade do rio Paraná mais a Sudoeste e depois de uma falha que desviou para Noroeste o rio Iguaçu, este rio Iguaçu passa a cair no rio Paraná, uns 20 ou 30 quilômetros à montante. Isso significa que este ângulo que faz do rio com a falha é mais ou menos a região onde ocorre a Garganta do Diabo hoje".  
 
As Cataratas do Iguaçu é feita de rio, rochas, sedimentos e vegetação na forma de floresta ao longo do percurso do rio na forma de matas, ilhas cobertas de vegetação. Tudo isso junto guarda o segredo da preservação das Cataratas. O geólogo e professor João Batista Sena Costa, destacou durante lançamento do livro A Origem das Cataratas em Foz do Iguaçu, que sem a cobertura vegetal as Cataratas se iriam muito rapidamente. Assim que vê as Cataratas do Iguaçu deve ter olhos para todos esses elementos inclusive a micro floresta de gramíneas e árvores sobre ilhas, rochas e pedras na paisagem imediata às Cataratas.      

Para encerrar 

Todo mundo sabe que as Cataratas tem o título de Patrimônio Mundial como parte integrante do Parque Nacional do Iguaçu e uma das Novas Sete Maravilhas. Mas falta uma categoria. Qual é? Vejamos:

Categoria 1 ─ O Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná (Brasil) e o Parque Nacional Iguazú em Misiones (Argentina) estão na lista do Patromônio Mundial na categoria Natural, mantida pela UNESCO como parte da Convenção Mundial para a preservação do Patrimônio da Humanidade. É coisa de governos, mais de 170 assinaram. Patrimònio da Humanidade é um dos títulos que envolvem as Cataratas e os Parque Nacionais que as ptotegem.        

Categoria 2 ─ Desde 2011 as Cataratas do Iguaçu estão na lista das Novas Sete Maravilhas (N7M) do Mundo (Categoria Naturais). O título é fruto de uma votalção global que envolveu milhões de pessoas em todo o mundo. Esta campanha pertence ao mundo do marketing. As Cataratas e mais sete grandes atrações globais fazem parte de uma família. A ideia é que um dia os turistas comecem a organizar viagens que permitam conhecer as setes maravilhas. Lembremos que antes do concurso das N7M naturais ocorreu o concurso das N7M culturais. O Cristo Redentor no Rio de Janeiro é uma delas.   

Categoria 3 ─ Cataratas do Iguaçu como um Geossítio Brasileiro. Com esta postagem quero chamar a atenção para esta categoria "ignorada" pelo brasileiro. 

A categoria pertence ao cadastro da Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleogeológicos (SIGEP).  Segundo a Comissão, as Cataratas do Iguaçu é um Geossítio Brasileiroe faz parte do sistema brasileiro de geoparques. Como o leitor sabe, as Cataratas do Iguaçu e Parque Nacionais andam juntas. Assim, para a SIGEP o geossítio Cataratas do Iguaçu é um lugar de grande "geodiversidade" (anote esta palavra) e é um local chave para o entendimento da história e da dinâmica da vida na terra desde sua formação até hoje. Hoje já sabemos que há necessidade de preservação da fauna, da flora, da água e como geossítio da necessidade da geopreservação. Este material é parte da minha colaboração no sentido de ajudar o destino turístico anotar a necessidade de se preparar para atender ao turiststa com interesses mais geolíogicos já que o geoturismo está pedindo licença para entrar em nossos destinos e o Paraná é um dos estados que já tem para trazer o patrimônio geológico do Paraná e seus três planaltos ao alcance daqueles que viajam para conhecer o estado. Tudo isso será necessário para a gepoconservação do paraná e evitar que aconteçam coisas como a proposta de diminuição da área de proteção de nossa Escarpa Devoniana, diminuição de Parques estaduais entre outras ideias não mui sábias.   

Notas

Agradecimentos ao Dr. Jack Share que arranjou um tempo para responder as minhas perguntas. Para um geólogo, não há misterio nenhum nos paredões das Cataratas. Agradecimento pela existência da internet e com elas todos os geoblogueiros que estou conhecendo muitos envolvidos com o turismo ou geoturismo. 

As fotos das Cataratas aqui são de Marcos Labanca para o Macuco Safarí. Se não houver indicação são minhas especialmente as dos paredões, grutas e amontoamentos de rochas. 

* Atenção! Peço ajuda a profissionais de botânica, engenheiros florestais e outros para ajudar a identificar a árvore que aperece na primeira foto acima. Estou escrevendo um texto que só sai se ela for identificada e homenageada. Tudo tem um nome. 

      

 

   
 

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Os Marcos de Fronteira para Crianças

Houve uma época em que Brasil e Argentina quase brigaram.


Havia um grande pedaço de terra disputada entre os dois países.
O conflito continuou até que Brasil e Argentina pediram ajuda ao presidente dos Estados Unidos da América, Grover Cleveland.

Os dois países enviaram documentos para que o presidente analisasse.  Um dia o presidente chegou a uma conclusão. Ele se convenceu que o Brasil tinha razão e declarou que as terras eram do Brasil. A resposta veio em um documento chamado “Laudo Arbitral”. Os brasileiros ficaram contentes. Os argentinos aceitaram.

Mais tarde os dois países tiveram que demarcar as fronteiras colocando marcos de fronteira no novo trecho. 

Na região antes disputada, a fronteira começava do lugar onde o rio Peperi Guaçu desemboca no rio Uruguai. Aí a equipe de mato dos demarcadores de fronteira, colocaram um marco  de fronteira. Um outro marco foi colocado no local onde o rio Peperi Guaçu nasce. O local se chama nascente do Peperi-Guaçu. 

Da nascente do Peperi Guaçu, a fronteira continua por terra seca até a nascente de outro rio: o Rio Santo Antônio. Nesse local foi colocado outro marco, sempre com brasileiros e argentinos trabalhando juntos.

Os heróicos demarcadores percorreram 25 quilômetros pelo mato. Nesse trecho, construíram 10 marcos principais, 3 secundários, 45 terciários. A partir da nascente do rio Santo Antônìo, o rio é a fronteira que continua até o rio Iguaçu. No ponto onde o rio Santo Antônio encontra o rio Iguaçu, foi construído mais um marco.  Foram muitos meses de trabalho com muita dificuldade.

Os dois últimos marcos, de pedra, grandes e vistosos foram colocados na boca do Iguaçu. Boca do Iguaçu também pode ser chamada de foz do Iguaçu. Um marco em cada lado do rio. Um na Argentina e outro no Brasil. Os dois são conhecidos hoje como Marcos das Três Fronteiras. 


Os dois marcos foram inaugurados com uma festa para lembrar que Brasil e Argentina resolveram um problema sem precisar fazer guerra. Viva a Paz. E o marco Paraguaio? Essa é outra história. Um bela história que a gente conta depois. 



Eles nasceram para celebrar a vitória da diplomacia: a família dos Marcos de Fronteira Brasil-Argentina inaugurados entre 1902-1903

 

Obelisco / Marco Principal em Foz do Iguaçu está hoje inserido no Complexo Turístico Marco das Três Fronteiras que inclui homenagem ao Mundo Jesuíta e a Cabeza de Vaca, descobridor ocidental das Cataratas  

(😄 This text also available in English😄

Quantos Marcos das Três Fronteiras você conhece? Eu conheço dois. O mais conhecido, mais visitado e mais acessível é o Marco das Três Fronteiras em Foz do Iguaçu que marca a fronteira Brasil, Argentina e Paraguai na foz (boca) do rio Iguaçu.

O segundo é o Marco das Três Fronteiras em Itapiranga, Santa Catarina. O marco localizado na foz do rio Peperi-guaçu, ou seja no local onde o rio Peperi-guaçu desemboca no rio Uruguai marcando a divisa entre Brasil e Argentina e entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 

quinta-feira, 22 de abril de 2021

O professor Stawiarski e seu legado ao Museu Nacional e ao Brasil (2)

Doação foi feita em nome de Victor Stawiarski: “Certeza que de onde ele estiver, ele estará feliz com isso”, disse o filho Luiz Cláudio   (foto Agência Brasil

Como o professor conta pessoalmente no artigo do jornal Correio da manhã, sua ideia ao gastar seu próprio salário para conseguir que os Bayers de Porto Vitória desse a ele o direito de explorar o local onde estavam os ossos da preguiça gigante, era ter em mãos os ossos reais de um verdadeiro fóssil para que os visitantes do museu o que incluía estudantes e outros públicos interessados pudessem ver e acreditar que os fósseis existiam. O professor estaria introduzindo no Brasil, em 1935 o que o Brasil não conseguiu ainda não conseguiu concretizar, saber,  a interpretação ambiental, ou a interpretação do patrimônio.      
 

Mesmo depois de deixar o Museu Nacional ele continuou estudando, pesquisando e coletando exemplares de insetos e montando uma grande coleção. Como é do conhecimento de todos os brasileiros e do mundo, o Museu Nacional foi destruído por um incêndio que transformou em cinzas boa parte das coleções que eram parte do patrimônio nacional. Inclusive a preguiça gigante ou o megatério de Porto Vitória.

O Museu se encontra em momento de reestruturação e reorganização. Em 2019, do nada, apareceu uma notícia no site da Agência Brasil, órgão oficial de notícias com sede em Brasília que foi republicada em sites e jornais de todo o Brasil. A manchete era: Colecionador de Brasília doa 2 mil insetos ao Museu Nacional. O doador se chama Luiz Stawiarski, filho do professor Stawiarski. A Doação da coleção  

Confira esta notícia em reportagem do SBT Brasília no Youtube

Veja também este documentário sobre o professor Stawiarski 


Uma biografia do professor Stawiarski: ou melhor três gerações de Stawiarskis (3)

Professor Stawiarski da Seção de Assistência ao Ensino (SAE) do Museu Nacional com a mão na massa. O SAE foi o primeiro setor educativo de um museu brasileiro, criado em 1927 por Edgard Roquette-Pinto (foto Museu Nacional)

O professor Victor Stawiarski nasceu em Orleans, Santa Catarina
em 22 de julho de 1903. 

O pai dele Gaudentis Stawiarski era polonês da cidade de Czestochova (Częstochowa), Polônia, terra da Nossa Senhora de Częstochowa, padroeira da Polônia que conta com um grande número de devotos no Brasil. A mãe do professor Stawiarski, se chamava Ursula Bússollo, natural da Itália.

Gaudentis fugiu para a França para não servir ao exército da Polônia, na época  ocupada pela Rússia. Na França, Gaudentis  adotou o nome de Etienne.
Em Paris morou por dez anos onde se formou como engenheiro agrimensor.  Segundo o neto dele, o Dr. Luiz Cláudio Stawiarski, residente em Brasília, em Paris ele frequentou ambientes de intelectuais onde conheceu nobre francês L
uis Filipe Maria Fernando Gastão, o Conde D’Eu, que entrou na história do Brasil após casar-se com a princesa Isabel Cristina o que transformou o Conde d'Eu em príncipe consorte do Brasil. Foi do Conde D'Eu que partiu o convite para o jovem engenheiro agrimensor viesse ao Brasil para fazer a demarcação da Colônia Grão Pará, que após a proclamação da República passou a ser a colônia Orleans, origem da atual cidade de Orleans em Santa Catarina*. 

Victor, o filho nascido em Orleans, teve duas irmãs: Olimpia e Tereza. Foi estudar no Rio de Janeiro – Colégio Batista. Depois, para atender a vontade de seu pai entrou para a Escola Politécnica, posteriormente denominada Escola Nacional de Engenharia, profissão que nunca exerceu. Em seguida, atendendo a sua verdadeira vocação foi para os Estados Unidos onde estudou na George Peabody College for Teachers, hoje parte da Universidade Vanderbilt em Nashville, Tenessee. Lá estudou por dois anos tendo se graduado em biologia, zoologia , botânica e entomologia entre outras. Ele saiu de lá portando o título de Master of Arts. Voltando ao Brasil trabalhou como professor no Colégio Batista onde
havia estudado. 

Nessa época conheceu Maria Magdalena Com quem veio a
se casar e tiveram dois filhos: Paulo Victor e Luiz Cláudio. Posteriormente
foi nomeado para trabalhar no Museu Nacional como Professor e
responsável pela Divisão de Assistência ao Ensino (
DAE). Trabalhou no
Museu por trinta anos tendo se destacado, além das aulas de biologia (entomologia) também pelas aulas de educação sexual e egiptologia.
 

 Pigydium stawiarski - um cascudo do rio Iguaçu (Catfish Database)

A família do professor possuía uma fazendo no Paraná, não muito longe da área onde foi descoberto o megatério. Segundo o Dr Luiz Cláudio Stawiarski, filho do professor, nas proximidades da fazenda, o professor descobriu três espécies e um gênero. as espécies foram Automeris stawiarski (uma mariposa) e  Pygidium  stawiarski (um peixe cascudo do rio Iguaçu) e a  Pyllostilis  stawiarski (uma praga da  bracatinga. O gênero foi Victor victius, conhecido como pseudo escorpião embora seja tecnicamente uma aranha. 
 

Pioneiro no Paraná

De acordo com o biólogo e paleozoólogo David Dias da Silva, da UFPR, em seu trabalho "Os Xenarthra Pleistocênicos do Estado do Paraná", o professor Stawiarski foi responsável pela  primeira citação de mamíferos pleistocênicos para o Estado do Paraná, o megatério  encontrado em Porto Vitória. David Dias destaca que o conhecimento do Paraná sobre a mastofauna do pleistoceno ainda é incipiente. Até o presente, afirma, são conhecidos representantes de nove espécies de mamíferos pleistocênicos (seis ordens), cinco dessas espécies foram coletadas no interior de cavernas dos calcários do Grupo Açungui. Em 1975, pesquisadores revisaram a literatura e reclassificaram o megatério de Porto  Vitória como sendo a espécie Eremotherium rusconii (Schaub, 1935) a qual, segundo, Paula Couto parece ser a única espécie sul-americana.  

* O professor Stawiarski faleceu em Brasília no dia sete de dezembro de 1979. A Biblioteca Histórica Etienne Stawiarski, do pai do professor Victor Stawiarski se encontra no complexo Museu Casa de Pedra em Orleans (SC).  Logo, liberaremos uma postagem sobre a região de Orleans e sua história, cultura e belezas naturais.


 


domingo, 18 de abril de 2021

Faz 92 anos: Colono alemão descobre fósseis de uma preguiça gigante no quintal de casa em Porto Vitória (1)

Megatério, um antecessor da preguiça do tamanho de um elefante

Porto Vitória, cidade de menos de 5 mil habitantes no Sul do Paraná  cujo nome nasceu do cruzamento dos nomes de Porto União (PR) e União da Vitória (SC) é uma das nove cidades que fazem parte da mais nova Região Turística do Paraná, a RT 15. Porto Vitória pode reivindicar para si o título de capital paranaense da paleontologia pois foi nela que em 1929, foi descoberta a ossada de uma preguiça gigante, animal batizado como "Megatério".   

Os eventos que colocam Porto Vitória nessa categoria aconteceram entre  1929 e 1935. O que aconteceu foi o seguinte: em 1929 foi descoberto, nas terras de um colono alemão chamado Otto Bayer, os fósseis de um megatério ou preguiça gigante que viveu há, pelo menos 12 mil anos e que tinha o tamanho de um elefante. Mas foi só em 1935 que o biólogo e professor catarinense de Orleans (SC) Victor Stawiarski, ligado ao Museu Nacional no Rio de Janeiro chegou às terras de Bayer para escavar e analisar o material que mais tarde foi levado ao Rio de Janeiro. 

terça-feira, 6 de abril de 2021

Estivemos fora do ar mas já estamos voltando!

Olhando para atrás, não posso crer que não postei nada este ano. O motivo é simples. Fui uma das mais de 20 milhões de pessoas no mundo que "pegaram" a Covid. Sobrevivi. Mas quando se volta de uma doença como o Covid a gente precisa de tempo para voltar a viver. Coisas simples como sentar para escrever, levantar para descansar as pernas entre outras são muito difíceis. Mas agora, sem explicar como e nem desde quando, amanheci com vontade de volta a produzir. Estou de volta.    

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Terra do Nunca - Republicando e mantendo a lembrança de uma grande "matéria" sobre Foz do Iguaçu. Confira o que mudou!

Foz do Iguaçu parece uma cidade imaginária. Mas se, para os turistas, ela se resume a cataratas e compras, para os mais observadores, é a nossa babel, com uma diversidade étnica digna das grandes metrópoles mundiais



 

Por Marcio Fernandes Publicado em 14/08/2007, às 16h22 - Atualizado em 20/02/2013, às 14h59

Uma enigmática comunidade que mistura pesquisa material com parapsiquismo, e que já tem 1,6 mil adeptos, está se formando em Foz do Iguaçu, uma complexa cidade no oeste do Paraná, encravada em uma ainda mais intrincada Tríplice Fronteira, que envolve Brasil, Paraguai e Argentina. O Centro de Altos Estudos da Conscientologia (Ceaec) é a estrutura mais visível da Projeciologia e da Conscientologia, autodefinidas como duas neociências, mas que, para muitos por ali, estão mais para conteúdos de uma seita que já se espalha pela América, Europa e Ásia. Para completar o cenário alternativo do Ceaec, seu líder é um sujeito com duas graduações na bagagem, na área médica, além do trunfo de ter sido parceiro do médium Chico Xavier por 10 anos. Waldo Vieira, 75 anos, mineiro, médico, dentista, dono de uma biblioteca de 65 mil volumes, é o líder do Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia (IIPC), um guarda-chuva para um crescente número de organismos e pessoas em busca de experiências de toda espécie - paranormalidade está na lista. Ele é daqueles que, antes mesmo de apertar firme sua mão, abrem um enorme sorriso e chamam, em tom de brincadeira, para uma queda-de-braço, para comprovar disposição. O homem é uma metralhadora verbal e adepto das experiências quase-morte, que responde antes de a pergunta ser finalizada, que diz estar subvertendo os paradigmas vigentes da Sociologia e da Antropologia e que seus detratores têm é dor-de-cotovelo. Algo e alguém assim só mesmo em Foz do Iguaçu.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

A história dos picolés com sabores da Mata Atlântica: Oficina do Sorvete e Parque das Aves abrem caminho para os Sabores do Iguaçu

 Série Associados do Visit Iguassu*

Plantação de "palmito Juçara", açaí da Mata Atlântica** no entorno do Parque Nacional do Iguaçu

"Picolés com Sabores da Mata Atlântica como   butiá, erva mate, açaí de juçara e jabuticaba são vendidos em 15 estabelecimentos de Foz incluindo Parque das Aves, Macuco e Complexo Turístico Itaipu"
Adelcio Celestino Freire, com o açaí do sul na balança
Até recentemente, picolés e sorvetes de frutas brasileiras em Foz do Iguaçu, não tinham nada de diferente do que é oferecido na maioria das capitais brasileiras. Estavam na lista laranja, mamão, abacaxi, coco, caju entre outros. Hoje a situação é diferente e Foz do Iguaçu já pode aspirar à lista de cidades inovadoras  com criações e novos sabores regionais. 

sábado, 26 de setembro de 2020

Inesquecível: De Foz do Iguaçu e Puerto Iguazu para Barracão via Andresito. Da Tríplice Fronteira para a Fronteira Trigêmea


Marco de divisa Paraná - Santa Catarina em Dionísio Cerqueira, inaugurado em  1920, celebra fim de conflito que custou 20 mil vidas
 

Elas podem ser chamadas de cidades gêmeas ou de cidades tri-gêmeas. São chamadas de cidades gêmeas quando se tem em mente somente as duas cidades que estão no lado brasileiro e que ocupam a pontinha da extremidade Oeste-Sudoeste do Paraná e Santa Catarina: Barracão e Dionísio Cerqueira. As duas cidades brasileiras são tão ligadas entre si, que lembram mais a duas irmãs siamesas. Igual a irmãos siameses, alguns órgãos das duas cidades são compartilhados. 

Por exemplo: a Associação Comercial que fica na linha divisória dos dois estados brasileiros e a poucos metros da linha que as divide da irmã misionera – que dizer Argentina. Outro órgão que só uma das cidades tem é o passo de fronteira oficial. 

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Conheça os blogs de Jackson Lima que complementam este blog

Apresentando o Canal You Tube do Blog Jackson Lima – Este canal tem várias playlists. Elas são divididas por assuntos:  Aulas básicas de Guarani em português para brasileiros. Guarani  é uma das línguas oficiais do Paraguai e do Mercosul junto com português e espanhol. Aulas básicas de português brasileiro, especialmente a pronúncia, para quem fala castelhano e para quem fala inglês. O canal tem várias playlists. Para ver o conteúdo, depois de abrir clique em Playlists na parte superior para escolher. Há "playlists" dedicadas ao:

1) Turismo, cultura e natureza 

2) Ecoespiritualidade e

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Jesuítas, uma congregação com os pés no chão. Legado deles incluem o cooperativismo atual e o das Missões de outrora

Missões chegaram a ter cerca de 800 mil cabeças de gado

Dos tempos das Missões até a Sicredi Pioneira de Nova Petrópolis (RS): Jesuítas participaram na criação de arranjos econômicos cooperativos


A intenção deste texto é valorizar o cooperativismo. A história começa com o cooperativismo dos jesuítas espanhóis no tempo da colônia nos primórdios do Paraná e termina com a criação da cooperativa de crédito que deu origem ao Sistema Sicredi desta vez por um jesuíta alemão. É como se os jesuítas evangelizassem na prática 

   

terça-feira, 16 de junho de 2020

O gosto e o sabor de Curitiba: coisas que influenciaram Curitiba a ser do jeito que é

Jardim Botânico
Curitiba é conhecida hoje como uma cidade modelo graças às soluções encontradas em seu processo de urbanização como transporte, praças e parques públicos. Quem chega como turista se deleitará em conhecer 24 ou 26 pontos específicos da capital que fazem parte do que o ex-prefeito Jaime Lerner chama de "pontos de acupuntura da cidade". Esses pontos podem ser percorridos a bordo de um ônibus panorâmico da Linha do Turismo. Essa Curitiba charmosa que o turista vê, começou no período militar na gestão 1971-1974 do então prefeito Jaime Lerner.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

O dia em que quase mataram o padre (futuro Monsenhor) Guilherme Thiletzek


Monsenhor Guilherme: Foz do Iguaçu foi a primeira Prelazia do Paraná
e Mons. Guilherme foi o primeiro Prelado
 

Monsenhor Guilherme em Foz do Iguaçu é o nome de uma avenida no jardim São Paulo que liga a Praça da Bíblia com a Avenida Felipe Wandscheer na altura do Cemitério Municipal que tem o mesmo nome do bairro. Monsenhor Guilherme é também o nome de um Colégio Estadual criado em 1950 por decreto do governador Moisés Lupion, inaugurado  em 1952 pelo governador Bento Munhoz da Rocha e finalmente mudando para a atual sede em 1965 já no governo de Paulo Pimentel.

Como ninguém nasce monsenhor, o jovem Guilherme, após sua ordenação como padre em São Gabriel (RS) em 1907, teve que exercer o sacerdócio começando de baixo. Assim, o jovem padre aparece na história já em Curitiba e Ponta Grossa - região formada por um grande número de colônias: italianas, alemães, polonesas, ucranianas e sua variedades internas como alemães russos, polonêses-alemães que refletiam a formação das terras de origem onde territórios eram invadidos, dominados, subjugados segundo os ventos da política e geopolítica da Europa.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

O pintor, desenhista e etnólogo italiano Guido Boggiani nas terras do Pantanal do Nabileque

Guido Boggiani
Guido Boggiani, desenhista, pintor, fotógrafo e etnólogo nasceu em Omegna, Itália. Estudou artes, produziu, expôs obras na Itália e aos 26 anos atravessou o mar para apresentar seu trabalho em Buenos Aires, capital da Argentina. Esse era o propósito original dele. Mas em Buenos Aires ele escutou falar dos índios do Chaco argentino, paraguaio e brasileiro. A cabeça de Boggiani foi virada pelo avesso e ele "escasquetou" com a ideia de viajar ao Chaco e Pantanal e dedicar-se a retratar a vida, o dia a dia, a arte, a história dos indios. Em 1888, ano em que a primeira expedição brasileira chegava às margens do rio Iguaçu para fundar a Colônia Militar do Iguaçu, Boggiani chegou a Assunção.

E tão rápido quanto foi possível, partiu para o Chaco especialmente para Puerto Casado, Paraguai, hoje uma cidadezinha de 7 mil habitantes às margens do rio Paraguai. Daí, partiu à pé até o Forte Olimpo também Paraguai. Lá, ele seus ajudantes embarcaram em alguns “catchivéus” (Canoas) e remaram até a Boca do Rio Nabileque. Subiram o rio até um acampamento Kaduveu. De lá, conta Giovanni em livro deixado escrito, embarcou numa viagem a lombo de boi até a capital do Nabileque – segundo ele – chamada Nalique. Onde ficará Nalique hoje? Isso foi há 132 anos.   

terça-feira, 19 de maio de 2020

Está nascendo um novo hobby chamado "waterfalling". É diferente de cachoeirismo

Uma das muitas cachoeiras no Cânion Guartelá (PR), Campos Gerais

Para os amantes mundiais de Cataratas e Cachoeiras, saber identificar os tipos diferentes de quedas d’água ajuda a descrever, identificar e apreciar melhor a visita a esta paisagem comum e especial do Planeta presentes em todos os continentes. Muita gente já viaja para "cataratear" ou "cachoeirar".  
Para o "catarateador" sério, dependendo de como a água cai, as quedas d’água recebem diferentes classificações.
Kayak Fishing, hobby da pesca em caiaque (watersportsfirst.com)

Hobby da observação de aves em kayak. Fotógrafo Carlton Ward Jr /Mac Stone Audubon

O Brasil já começou a assimilar o que significa “birdwatching” – o hobby de observar pássaros ou "passarinhar". Há outros hobbies e esportes interessantes que viciam e levam milhões a viajar como o rafting, o cachoeirismo (o esporte de descer cachoeiras com a ajuda de cordas e técnicas); o rapel, o paraquedismo ou skydiving (esporte especializado em se divertir usando o paraquedas originalmente um equipamento militar);  kayaking (o hobby de quem ama explorar o mundo de caiaque), o kayak fishing (o esporte da pesca em caiaques); o kayak paddle birding ou kayak birdwatching ou passarinhar de kayak ou caiaque e ainda o sea kayaking que é o hobby de explorar o mundo abordo de um caiaque de mar. E o que é waterfalling (Cataratear ou cachoeirar)?

domingo, 17 de maio de 2020

Fritz Müller: o colono cientista de Santa Catarina que se correspondia com Charles Darwin

O  que você pensaria se encontrasse esse senhor da foto, senhor Fritz Müller em alguma picada de algum lugar da Colônia Alemã do vale do rio Itajaí Açu na região da futura cidade de Blumenau em Santa Catarina? Um colono. Friedrich Müller veio para o Brasil com o propósito expresso de ser colono, cultivar sua terra e viver em paz. Nativo de uma cidade com um nome meio grande, Winsdischonholzhause, o Sr Fritz Müller terminou o curso de medicina. Mas nunca exerceu a profissão. Não porque não gostasse. Mas porque na hora de receber o diploma ele tinha que fazer o juramento do médico. Tudo que ele tinha que fazer era repetir, como um papagaio, o que o mestre de cerimônia dizia.

O juramento começou: “Juro em nome de Deus ...” os formandos repetiram. Não ele. Ele não aceitou jurar em nome de Deus. Por isso ele foi tachado de ateu. Uma acusação meio perigosa naquela época, até hoje é também. Mas só duas espécies de pessoas podem não aceitar jurar em nome de Deus. O ateu consciente e o cristão igualmente consciente. Afinal, Tiago, o apóstolo, disse: “Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis nem pelo céu nem pela terra, nem façais qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim e não, não, para que não caiais em condenação” (Tiago 5:12) segundo a Versão Almeida Revista e Corrigida da Bíblia. No meu ver Fritz Müller estava certo. Bastariam ter-lhe perguntado: Fritz você jura ser um médico honesto?

Proposta no ar: IPG em vez de PIB

Li recentemente aqui que executivos americanos embolsaram milhões de dólares antes da crise financeira. Me lembrei de um especialista gaúch...